Em Outras Mídias


EDU MANZANO E OS QUADRINHOS POÉTICO FILOSÓFICOS!

No final da década de 80 eu e alguns artistas criamos um novo movimento e um estilo de quadrinhos que recebeu o nome de Quadrinhos Poético - Filosóficos. O estudioso de Quadrinhos e Doutor em Comunicação Vinicius Oliveira criou o blog "QUADRINHOS POÉTICO-FILOSÓFICOS" onde divulgou um estudo sobre este estilo de quadrinhos apresentando ao mundo eu e estes outros artistas do estilo, reproduzo aqui a definição do que seria este estilo, sua história e uma análise de minha obra segundo o autor:


EDUARDO MANZANO

"Eduardo Manzano ficou mais conhecido por fazer parte dos artistas que surgiram e se destacaram no ”boom” dos quadrinhos alternativos do Brasil nos anos 80, ainda utilizando o nome de Eduardo Manzano, onde expandiu seu trabalho também para países como Itália, Espanha, Portugal, França, etc.

Edu Manzano é um dos criadores deste movimento de quadrinhos Poético-Filosóficos.
Sobre o estilo de Edu Manzano, ele é o mais nihilista e o mais hermético dos autores deste estilo, suas Hqs dentro do estilo Poético-Filosófico tem ainda assim uma linguagem toda própria e se iniciaram com roteiros mais claros e diretos como nas Hqs Hamadríade, Estrige, Prisioneiro, embora as construções de seus cenários ja mostrassem uma tendência detalhista lembrando o italiano Piranesi.

A partir de 1998 com a HQ "Prisioneiro da Solidão", Manzano começa a introduzir de forma sutil a simbologia e preceitos do Hermetismo, Maçonaria, Ocultismo, Teosofia, Teoria do Caos, Quântica e vertentes que o artista estava envolvido nesta época, fazendo uma alquimia em transformar esta linguagem ainda que intrincada em mensagens universais. HQ´s como Portas da Existência, Anatema e Frágil Arte da Existência mostram em suas entrelinhas estas linguagens, enquanto os desenhos e a própria diagramação foge cada vez mais do lugar comum e cada HQ traz um estilo e técnicas diferentes, algo inédito até então, tornando o trabalho de Manzano quebrador de Paradigmas, talvez os dois artistas mais controversos dentro das HQs Filosóficas sejam Manzano e Antonio Amaral.

Esta mistura de ciências herméticas, e linguagem toda própria de Edu Manzano chamou atenção de estudiosos que citaram sua obra em trabalhos científicos como o professor Elydio dos Santos Neto em sua Tese "HISTÓRIAS EM QUADRINHOS POÉTICO-FILOSÓFICAS E GESTÃO DO CURRÍCULO NO TRABALHO DOCENTE: UMA APROXIMAÇÃO POSSÍVEL" pena ECA-USP, a Tese de Doutorado de G.Andraus "Disseminação alternativa do universo artístico e crítico da linguagem das histórias em quadrinhos" e também na Tese "Narrativas gráficas como expressões do ser humano" de Roberto Elísio dos Santos e  Elydio dos Santos Neto.

O QUE SÃO OS QUADRINHOS POÉTICO FILOSÓFICOS?


por Vinicius Alves Oliveira

A partir da década de 60, os quadrinhos foram alvo de estudos por seu potencial artístico e de mídia, por suas infinitas possibilidades e como evento cultural.

Na década de 70, os quadrinhos tiveram uma quebra em seu status quo, quando artistas sobretudo na europa, buscavam novas formas e conceitos para fazer quadrinhos, quebrando o tradicionalismo de se contar histórias sequenciais.

Vale citar deste período, a revista Metal Hurlant por seu material inovador, o grupo Les Humanoids Associes de quadrinhistas inovadores, autores como Phillipe Druillet, Caza, Moebius e outros dos chamados Underground europeu e norte americano; como manisfestações inovadoras de se contar histórias em quadrinhos, mostrando enfoque, estrutura e temáticas diversificadas.

Assim como nos diversos campos da arte, nas histórias em quadrinhos artistas viram e sentiram a necessidade de inovarem sua linguagem e fazer seus quadrinhos se modernizarem rumo a um novo século.


Foi que em meio à crise econômica que o Brasil experimentaria na década seguinte, que surgiram as primeiras manifestações desta evolução dos quadrinhos em nosso país, e apesar destas influências a vertente de novos quadrinhos que surgiria no Brasil foi original, rica de conteúdo e valor artístico e com uma característica e identidade próprias que só encontramos em seus autores, os Quadrinhos Poético-Filosóficos, são um genuíno processo de evolução da narrativa gráfica, incluindo muitas vezes subliminares, heráldica, quebra de paradigmas, etc.

 Os denominados quadrinhos Poético-Filosóficos, que mostravam um misto de textos poéticos e filosóficos com desenhos inovadores, e estrutura que se diferenciavam em muito dos quadrinhos tradicionais, desde sua divisão de quadros até o formato dos balões e com uma perspectiva da reflexão, do autoconhecimento, da referência aos aspectos espirituais da existência, da crítica a muitos dos valores dominantes na sociedade de hoje.
Os artistas pioneiros e que se destacaram no movimento são: Gazy Andraus, Edgar Franco, Flavio Calazans, Antonio Amaral, Eduardo Manzano, precursores do estilo. Também há alguns artistas do meio que transitaram trabalhos neste estilo nesta mesma época como Henry Jaepelt, Wally Viana, Joacy Jamys, Luciano Irrthum, Al Greco,Rosemário H.S, Soter Bentes e Norival Bottos Jr,

De outro lado, no mesmo período, outro grupo de artistas iniciaram uma produção igualmente inovadora, com teor filosófico-existencial, mostrando temáticas urbanas, o desespero e a solidão na sociedade de consumo, predizendo um futuro nihilista, influenciados pelas bandas pós punks, darks e eletrônicas daquela década
A inovação tanto nos argumentos quanto na apresentação dos desenhos também eram pontuais nestes quadrinhos.


Artistas como Alberto Monteiro, Weaver, Yuri Hermuche, Law Tissot, Fabio Zimbres, Ricardo Borges, Dikos, Claudio C.M.S. são nomes significativos desta vertente. Algumas vezes uniam suas hq´s, numa mesma edição de uma publicação, se auto-entitulando Irmandade Unusual.

Aqui vale citar, que apesar de nunca ter sido relacionado, o próprio trabalho do renomado artista Lourenço Mutarelli em sua primeira fase com albúns como Transubstanciação, Desgraçados e Eu te amo Lucimar, guardava elementos similares ao quadrinhos Poético-Filosóficos.

Porém com a evolução artística e o surgimento de novos artistas com influências de ambos os estilos, as próprias alcunhas Poético-Filosóficos e Existencial Comics, ficaram limitadas.


Artistas como Edgar Franco, com suas pesquisas com quadrinhos no mundo virtual, simbologia esotérica e sua Aurora Pós-Apocaliptica, Flavio Calazans com seus estudos de heraldica e mensagens subliminares; Gazy Andraus investindo em temas espirituais e orientais, num traço fluido e livre; Eduardo Manzano o mais nihilista do grupo, misturando vampirismo, mitologia e contos urbanos; e o sui-generis Antonio Amaral um artista inovador ao extremo, usando elementos químicos e matemáticos, misturados ao folclore em sua publicação Hipocampo e outros trabalhos; criaram seus próprios universos e sua própria linguagem misturando as duas vertentes e à outros elementos, criando estes quadrinhos modernos com conteúdo inteligente e inovadores que aqui convencionamos chamar de Neo Quadrinhos, inclusive esta linguagem revolucionária é totalmente adaptada a revolução da informática e do ciber-espaço.

O termo Neo Quadrinhos se adapta melhor às características inovadoras destes quadrinhos que rompem paradigmas com os quadrinhos tradicionais e mostram a linguagem do novo século e uma incurssão definitiva dos quadrinhos como Arte sublime e pluralista.

Estes artistas inovaram a maneira de ver e contar as histórias em quadrinhos, acreditando em sua diversidade e pluralidade e buscando a evolução da linguagem dos quadrinhos e a pesquisa inteligente dos mesmos, em contrapartida de interesses comerciais.

Hoje percebemos uma nova geração de artistas, cujos quadrinhos são influência direta destes pioneiros da década de 80.

Ambos os movimentos surgiram no Brasil no circuito de fanzines e publicações alternativas, visto que não tiveram divulgação imediata nas grandes publicações, dado o caráter das publicações nacionais e o perfil do próprio leitor brasileiro, quase em sua maioria submetidos exclusivamente ao mercado comercial de comics norte americanos e mais recentemente aos mangás.

Atento à esta nova onda de quadrinhos e o número de artistas que seguiam estas tendências, o quadrinhista, pesquisador, professor e doutor pela Sorborne Francesa, Henrique Magalhães, criou em 1995 seu selo de quadrinhos chamado Marca de Fantasia, que além do pioneirismo em publicar artistas fora das grandes editoras, criou em fevereiro de 95 a revista Tyli,Tyli totalmente dedicada ao estudo e publicação de quadrinhos poético-filosóficos e existenciais, com o desenvolvimento da linguagem dos mesmos como citamos acima, e buscando abranger um número maior de tendências dentro do gênero, a revista passou a se chamar Mandala em maio de 1998, sendo ainda hoje a pioneira e única no gênero.

Acrescente-se o fato de a Marca de Fantasia ainda ter lançado albúns como Guerra das Idéias de Flavio Calazans, Agartha e Transessência de Edgar Franco, Ternário M.E.N de Gazy Andraus, e Hqs de Eduardo manzano, Yuri Hermuche, etc, colocando no mercado de quadrinhos trabalhos varguardistas que dificilmente seriam publicados por grandes editoras interessadas tão somente no lucro comercial.

É importante lembrar e acrescentar que estes quadrinhos tão vanguardistas surgiram justamente no Brasil, país em que qualquer manifestação cultural é tida quase como supérflua e praticamente sufocada desde sua fase embrionária. É de se imaginar que estes artistas e sua arte, desde o início e até hoje sejam combatidos por algumas pessoas com uma visão limitada e conservadora dos quadrinhos, geralmente pessoas ligadas e consumidoras exclusivamente de quadrinhos comerciais e ligados à interesses mercantilistas dos mesmos.


Graças à formação acadêmica, inteligência e conteúdo dos trabalhos destes artistas, seus quadrinhos superaram críticas vazias e rumam ao futuro para escreverem seu capítulo no importante livro das histórias em quadrinhos. Se os quadrinhos conseguiram seu lugar ao sol, como arte de auto nível, estes Neo-Quadrinhos sedimentam definitivamente a arte sequencial como objeto de excelência artística.



EDU MANZANO NA EDITORA MARCA DE FANTASIA!


Propaganda veículada no site da Marca de Fantasia, sobre o 12º número da Revista Top!Top! com Eduardo Manzano.
A Top!Top! se destacou no meio por ser uma revista de estudo das histórias em quadrinhos e este número o editor henrique Magalhães dedicou ao meu trabalho pelo destaque que na época estav tendo no meio alternativo e iniciando publicação de minhas Hqs no exterior.








Nenhum comentário:

Postar um comentário

VISITAS

visitantes hoje visitantes ontem visitantes total visitantes online